ACASALAMENTO DE TATU-CANASTRA EM VIDA LIVRE E FLAGRADO PELA PRIMEIRA VEZ

 FLAGRANTE:

Até então não havia registros na ciência de imagens da cópula; animal atinge a maturidade sexual a partir dos sete anos e tem apenas um filhote a cada três anos.

Por Nicolle Januzzi, Terra da Gente

Casal de tatus-canastra é flagrado copulando. — Foto: Redes Sociais

O vídeo de dois tatus-canastras acasalando na beira de uma estrada de terra viralizou nas redes sociais. De autoria desconhecida, as imagens são impressionantes e, acima de tudo, valiosas para a ciência.

De acordo com ele, durante os anos de pesquisa câmeras fotográficas flagraram cenas que mostravam um suposto acasalamento, mas sempre com as fêmeas em movimento. “Isso é característico dos tatus. O tatu-peba, por exemplo, às vezes copula andando. Então ter acesso a todas essas novas informações a partir desse novo registro, como o posicionamento da fêmea parada, é algo importante e novo para os nossos estudos”, diz.

Inédito: acasalamento de tatu-canastra em vida livre é flagrado pela primeira vez

“Esse vídeo é absolutamente inédito e excepcional. O projeto tatu-canastra existe desde 2010 para estudar a espécie e nunca flagramos nada parecido. É a primeira vez que vemos a cópula de tatus-canastra em vídeo dessa maneira”, explica o pesquisador Arnaud Desbiez, coordenador do projeto.

Além de ser um animal de hábitos discretos e noturnos, com pouca sobreposição de hábitat, o que já dificultaria o flagrante do acasalamento, o evento se torna ainda mais raro pelo fato de que a espécie atinge a maturidade sexual somente entre os setes e nove anos de idade.

O tatu-canastra se orienta pelo olfato, pois a visão dele não é eficiente. — Foto: Murillo Couto / VC no TG

“Depois disso, as fêmeas têm apenas um filhote a cada três ou quatro anos, com uma gestação que dura em média cinco meses, por isso também que é muito difícil filmar momentos de cópula”, esclarece Desbiez.

Os tatus-canastra podem viver mais de 20 anos e atualmente estão ameaçados de extinção, na categoria ‘Vulnerável”.

O tatu-canastra é espécie típica do Cerrado, mas também pode ser encontrada em outros biomas. — Foto: Murillo Couto /VC no TG

Um estudo morfológico, realizado pelo projeto com o foco no dimorfismo sexual do tatu-canastra, apontou que há poucas diferenças entre os sexos, porém, uma delas é que as patas traseiras dos machos são maiores e mais longas. “Com o vídeo conseguimos entender que o motivo está relacionado com o movimento de acasalamento, já que para alcançar a fêmea o macho fica quase que na ponta dos pés”, acrescenta.

Em relação ao órgão reprodutor masculino, o tatu-canastra tem um dos maiores pênis (em média 30 centímetros), proporcionalmente ao tamanho do corpo, dentre todos os mamíferos terrestres. “O pênis do tatu-canastra é muito longo e o interessante é que o tamanho nos ajuda a identificar a idade do animal, já que o órgão reprodutor cresce até o indivíduo atingir a fase adulta, que é por volta dos oito anos”, explica.

Tatu-canastra resgatado em Barra do Garças — Foto: ONG Amigos dos Animais

Tatu-canastra (Priodontes maximus)

Entre as 21 espécies existentes de tatus, todas da América, o tatu-canastra é a maior delas. Espalhado pela parte Sul do continente, a espécie pode ultrapassar os 50 quilos e passa a maior parte do tempo embaixo da terra, sendo raramente vista.

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