Irresponsabilidade fiscal dá inflação e desemprego, diz Barroso
Ministro do Supremo Tribunal Federal disse que equilíbrio das contas públicas é pressuposto para economia saudável.
Foto: O ministro do STF Luís Roberto Barroso participou de debate promovido pelo grupo Esfera Brasil, no litoral paulista.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Roberto Barroso disse neste sábado (26.nov.2022) que a responsabilidade com as contas públicas é um pressuposto para uma economia saudável. Afirmou que a falta dela resulta em aceleração da inflação, juros altos e desemprego.
Barroso disse ser necessário criar um ambiente em que a população tenha segurança em investir no país e abrir empregos.
“Nesse momento, a ansiedade da população é uma combinação que exige uma sintonia muito fina entre responsabilidade fiscal e responsabilidade social. Precisamos acabar com essa ideia de que responsabilidade fiscal é uma coisa de direita.”.
A declaração foi durante debate promovido pelo grupo Esfera Brasil, no litoral paulista, que contou com a presença de diversos empresários.
A fala de Barroso é dita em um momento em que a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute com o Congresso uma fórmula para alterar o teto de gastos. A norma limita o crescimento das despesas da União. O furo no teto seria uma forma de cumprir as promessas de campanha do petista.
Investidores estão reagindo com cautela à medida por não ter ficado claro qual será a trajetória das contas públicas nos próximos anos. O Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), caiu 4,86% desde a eleição de Lula.
EDUCAÇÃO BÁSICA O ministro disse também que a educação deve ser tratada como prioridade absoluta nos próximos anos. Afirmou que os problemas já estão mapeados e faltam ser enfrentados.
Deu como exemplo a evasão escolar no ensino médio, baixo aprendizado dos estudantes e baixa atratividade da profissão de educador.
“Quem acha que o problema da educação no Brasil é identidade de gênero, escola sem partido ou saber se 64 foi golpe ou não foi golpe está com a assombração errada e está nos atrasando na história.”.
RELAÇÃO TRABALHISTA Barroso criticou que a população só descobre o custo da relação trabalhista quando ele acaba porque a litigiosidade no Brasil é espantosa..
Fez o seguinte relato: “Eu fui advogado de um grande banco por muitos anos. E o presidente do banco uma vez me disse: ‘eu procuro cumprir todas as regras trabalhistas. Eu tenho os melhores advogados. Eu me preparo. Sigo todas as orientações. E eu tenho dezenas de milhares de reclamações trabalhistas’”.
E completou: “Um país em que o empresário honesto tenta cumprir a legislação e não consegue: temos algum problema que nós precisamos enfrentar”.
O ministro disse que o sistema tributário brasileiro é um dos mais complexos do mundo. Declarou que nenhuma outra nação gasta o tempo que se gasta no Brasil com o complience tributário.
“A simplificação do sistema tributário é imperativa porque, sem ela, não vai haver segurança jurídica e nós vamos estar sempre lidando com esses cadáveres tributários que existem no armário.”
DEBATE SOBRE O FUTURO DO BRASIL Os painéis do Esfera Brasil tiveram a presença de líderes políticos eleitos dos Poderes Executivo, como o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), e Legislativo e autoridades do Judiciário.
Além dele, participam: o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto; o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski; e pelo menos 30 outros convidados, incluindo autoridades dos 3 Poderes, CEOs e intelectuais.
O encontro é realizado em um hotel no litoral de São Paulo. O jornal digital Poder360 transmite o evento pelo canal do YouTube.
Este é o 1º evento de grande magnitude do Esfera Brasil sob a gestão da nova CEO Camila Funaro Camargo. Ela assumiu a chefia do grupo no lugar do pai, João Camargo, que é o novo presidente do Conselho Executivo da CNN Brasil.
No passado, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e diversas autoridades participaram dos encontros do grupo….
Eis abaixo os painéis do evento e os participantes: 6ª feira.
6ª feira
Gilberto Kassab, presidente do PSD; Renata Abreu, presidente do Podemos; Marcio Macêdo (PT-SE), deputado; Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco.
“As políticas prioritárias para um Brasil menos desigual e mais sustentável”, às 15h45:
Raul Jungmann, diretor-presidente do Ibram e ex-ministro de Segurança Pública do governo Michel Temer; Patrícia Ellen, ex-secretária do Desenvolvimento Econômico de São Paulo; Alexandre Schneider, ex-secretário da Educação da cidade de São Paulo.
“As reformas que o Brasil precisa e o pacto federativo”, às 17h:
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador eleito de São Paulo; Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará.
. “Tecnologia como engrenagem de crescimento do Brasil”, às 18h15:
Felipe Rigoni (União Brasil-ES), deputado federal; Gabriel Galípolo, ex-presidente do Banco Fator; Luiz Tonisi, CEO da Qualcomm.
SÁBADO “O novo governo para 2023 – 2026”, às 9h
Floriano Pesaro (PSB), coordenador-executivo do governo de transição; Fátima Bezerra (PT), governadora do Rio Grande do Norte; Emídio de Souza (PT), deputado estadual; Gabriel Galípolo.
“Segurança jurídica e Constituição”, às 10h30
Luís Roberto Barroso, ministro do STF; Luis Felipe Salomão, ministro do STJ; Alexandre Cordeiro, presidente do Cade; Pierpaolo Bottini, advogado; Cristiano Zanin, advogado.
“Saneamento: o maior programa de inclusão social do mundo”, às 11h45
Luana Pretto, CEO da Trata Brasil; Mauricio Russomanno, CEO da Unipar; Felipe Rigoni; Gabriel Galípolo.
“Judiciário no Brasil: equilíbrio e segurança”, às 12h45
Ricardo Lewandowski, ministro do STF; João Otávio Noronha, ministro do STJ; Benedito Gonçalves, ministro do STJ; Paulo Sergio Domingues, futuro ministro do STJ; Cristiano Zanin, advogado; Benedito Mariano, especialista em segurança pública.
“Os desafios da economia e o desenvolvimento nacional”, às 14h15 Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito; Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central; Bruno Dantas, presidente interino do TCU; André Esteves, sócio sênior e presidente do conselho de administração do BTG Pactual; Abilio Diniz, acionista do Carrefour e fundador da gestora Península;