MINISTRO DO STJ DIZ QUE AUTISMO É ‘PASSEIO NA FLORESTA’ E FALA REPERCUTE NA COMUNIDADE
POR.Canal Autismo
STJ passa a utilizar manual sobre atendimento para pessoas dentro do espectro — Canal Autismo / Revista Autismo Depositphotos
O ministro Antonio Saldanha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), afirmou em evento que o autismo é um “problema” e comparou terapias a “passeios na floresta”. Saldanha disse que para os pais é confortável deixar os filhos em clínicas especializadas, mas destacou o custo disso.
“Para os pais, é uma tranquilidade saber que o seu filho, que tem um problema, vai ficar de 6 a 8 horas por dia em uma clínica especializada, passeando na floresta. Mas isso custa”, disse Saldanha.
Segundo informações divulgadas pela CNN Brasil, as declarações geraram polêmica e críticas de participantes do evento. Nas mídias sociais, a declaração também repercutiu mal. A União de Mulheres Autistas, Mães, Neurodivergentes e Apoiadores (UMANA) publicou uma nota de repúdio, afirmando que “É inconsequente, desrespeitoso, irresponsável e impacta diretamente todas as ações do referido ministro que claramente não demonstra capacidade técnica e elucidativa de julgamento para ações na área da saúde, mais evidente ainda em saúde mental e para pessoas neurodivergentes”.
O advogado Emerson Damasceno afirmou que “essa fala é absurda e lamentável. Não se pode falar que autismo seja um ‘problema’. Há vários erros nessa fala, que resvala no capacitismo”. A jornalista Debora Saueressig, uma das fundadoras do Colo de Mãe, disse: “a festa da ignorância. Do capacitismo. Do preconceito. Da impunidade. Do escárnio”. A também jornalista Fatima de Kwant citou seu filho como exemplo para traçar uma crítica. “Não sei quem, cargas d’água, assessora o ministro neste momento, mas seria o caso de chamar, de uma vez por todas, alguém com conhecimento profundo do TEA em seus níveis mais complexos para auxilia-lo”, argumentou.
A deputada estadual Andrea Werner (PSB-SP) publicou um vídeo afirmando que “Os espaços em que o direito à saúde são discutidos não podem ser ocupados por informações incorretas e leituras superficiais da luta das famílias contra abusos praticados por planos de saúde”.
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