Primeiro-ministro britânico destitui ministro por escândalo fiscal
Depois das revelações da imprensa de que Zahawi pagou milhões de libras ao fisco britânico para solucionar um litígio, o primeiro-ministro solicitou na segunda-feira uma investigação a seu conselheiro independente de ética
Agência France-Presse
(crédito: JEFF OVERS)
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, destituiu neste domingo (29) o ministro sem pasta Nadhim Zahawi, que também é presidente do Partido Conservador, devido a uma violação do código ministerial por falta de transparência fiscal.
Após uma investigação independente iniciada na segunda-feira sobre o comportamento de Zahawi a respeito de sua disputa com a Receita, “está claro que houve uma grave violação do código ministerial”, escreveu Sunak em uma publicada por Downing Street
“Como resultado, eu o informei sobre minha decisão de destituí-lo de sua posição no governo de Sua Majestade”, afirmou Sunak.
Depois das revelações da imprensa de que Zahawi pagou milhões de libras ao fisco britânico para solucionar um litígio, o primeiro-ministro solicitou na segunda-feira uma investigação a seu conselheiro independente de ética.
Zahawi pagou o que devia à Receita, incluindo as multas, no ano passado, durante um breve período em que foi ministro das Finanças, no governo do ex-primeiro-ministro Boris Johnson.
Depois, com a chegada de Sunak a Downing Street no fim de outubro, Zahawi se tornou presidente do Partido Conservador e ministro sem pasta do governo.
O conselheiro de ética Laurie Magnus concluiu que Zahawi deveria ter declarado a investigação fiscal da qual era alvo e também deveria ter atualizado sua declaração de interesses depois de solucionar a questão com o fisco.
Magnus criticou as “omissões” de Zahawi, que “não levou em consideração de modo suficiente” os princípios da vida pública, que consistem em ser “aberto, honesto e um líder exemplar com seu próprio comportamento”.
“Negligência”
O caso estava relacionado com a venda de uma participação do instituto de pesquisas YouGov, que Zahawi fundou em 2000, avaliada em 27 milhões de libras esterlinas (33,4 milhões de dólares no câmbio atual), para uma empresa de investimentos, Balshore Investments, registrada em Gibraltar e vinculada à família Zahawi.
Zahawi alegou uma “negligência” e não um ato deliberado na gestão do caso. Depois de ameaçar um processo contra a imprensa por difamação, neste domingo, em sua resposta a Rishi Sunak, ele expressou preocupação com o comportamento de vários meios de comunicação.
Aos 55 anos, Nadhim Zahawi, nascido em Bagdá, filho de pais curdos e que chegou ao Reino Unido ainda criança, fez uma grande fortuna antes de entrar para a política. No governo, entre outros cargos, ele supervisionou a campanha de vacinação contra a covid-19.
Sunak, ao destituir Zahawi, e não pedir que apresentasse a renúncia, pretende reafirmar sua autoridade, especialmente depois que prometeu “integridade, profissionalismo e responsabilidade” ao assumir o cargo de primeiro-ministro.
Depois de 13 anos no poder, os conservadores viram sua reputação abalada por escândalos de conflito de interesses. O cenário provocou o aumento das acusações de corrupção por parte da oposição trabalhista, que atualmente lidera as pesquisas de intenção de voto.
No ano passado, o próprio Sunak, quando era ministro das Finanças, se viu envolvido em um escândalo fiscal.
A imprensa revelou que sua esposa, a bilionária Akshata Murty, de nacionalidade indiana, se beneficiou de um status tributário que permitia evitar o pagamento de impostos ao Tesouro do Reino Unido sobre seus rendimentos no exterior.
Sunak foi exonerado de ter violado o código ministerial, mas sua esposa teve que renunciar ao status tributário, em um contexto econômico difícil para a maioria dos britânicos, que enfrenta uma inflação de dois dígitos.
Há apenas 10 dias, Sunak teve que pagar uma multa por não usar o cinto de segurança quando filmava um vídeo no banco de trás de um carro.