COLÔNIA ALEMÃ DE UVA COMPLETA 100 ANOS NA CIDADE DE GOIÁS
COLÔNIA ALEMÃ DE UVA COMPLETA 100 ANOS NA CIDADE DE GOIÁS
FONTE: JORNAL OPÇÃO
Uvá foi um assentamento rural de 90 famílias alemãs formado em 1924, na cidade de Goiás. A colônia se desfez por doenças, dificuldades para conseguir títulos das terras e de adaptação à agricultura do cerrado
Em 1924, há cem anos, era fundada na Cidade de Goiás, antiga capital do Estado, uma Colônia Alemã, que foi intitulada “Uvá”. Em plena República Velha, acossados pelas dificuldades de seu País de origem, grandes levas de alemães chegaram a velha Vila Boa de Goiás, depois de extenuante viagem, não afeitos eram eles à aridez de nossas terras e ao calor excessivo dos trópicos.
Enfrentaram todas as dificuldades possíveis, do Rio de Janeiro até a Cidade de Goiás e foram descritos por Octo Marques (1915-1986), em suas crônicas, como verdadeiros farrapos humanos, quando os viu passar no antigo povoado de Areias, caminho para a então capital, fatigados e sofridos; sendo ele, o narrador, na época, uma criança de nove anos, e que ficou impressionado com a cena daqueles que vinham buscar seus sonhos em terra alheia.
A colonização germânica em Goiás teve origem há 130 anos, 1894, quando Dom Eduardo Duarte da Silva, então Bispo de Goiás, foi até a Baviera buscar a chamada “Congregação do Santíssimo Redentor”, hoje Redentorista, para administrar as romarias de Barro Preto (Trindade) e Muquém.
Foram várias levas de padres alemães que vieram para Goiás até a década de 1930 e que fizeram excelente trabalho religioso, educacional e cultural em comunidades como Barro Preto (Trindade), Campinas (hoje bairro de Goiânia), São Sebastião do Ribeirão (hoje Guapó), São Geraldo (hoje Goianira), São Sebastião do Alemão (Palmeiras de Goiás), Malhador (Aragoiânia), Esplanada (Senador Canedo), Milho inteiro (Caldazinha) e Suçuapara (hoje Bela Vista de Goiás).
Uvá constituiu-se em assentamento rural, com pequenas propriedades, com vistas à agricultura e pecuária de subsistência. Eram aproximadamente 90 famílias, cerca de 300 pessoas e muitos sonhos e promessas políticas que, infelizmente, não se consumaram, na maioria. Esses imigrantes eram oriundos de regiões da Alemanha como Renânia, Pomerânia e a Prússia Oriental.
A extenuante viagem até o Brasil e, depois, na “Estrada de Ferro Goyaz”, que chegava apenas a Tavares, hoje Leopoldo de Bulhões, era o começo de uma nova e sofrida caminhada, em péssimas estradas até o vale da Serra Dourada, na Cidade de Goiás. Chegaram ao Rio de Janeiro em maio de 1924 e foram instalados na Ilha das Flores até o início da viagem para Goiás. Ao chegarem, a espera de três meses para depois iniciarem a distribuição das terras prometidas, na Colônia.
Tudo era novo e diferente para aqueles imigrantes, notadamente o clima, a terra, o excesso de chuvas, a natureza tropical, os bichos, as doenças. Houve falta de organização da própria estrutura da Colônia e muitos, de imediato, partiram para o Sul do Brasil, com vistas à adaptação, principalmente do clima.
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Vinham de pés cansados e com esperanças no coração. Chegavam ao centro geográfico da pátria brasileira e sofreram com as agruras dos “tristes trópicos”. A história desses intrépidos imigrantes foi descrita em minúcias, na importante pesquisa realizada pela historiadora Maria Helena de Oliveira Brito, professora aposentada da Universidade Federal de Goiás e membro da Academia belavistense de Letras. A obra foi enfeixada na importante “Coleção Documentos Goianos”, em que excelentes trabalhos divulgaram muito de nossa história.
A Colônia foi feita há 36 quilômetros da Cidade de Goiás, em lugar aprazível, de terras férteis, no desejo de crescimento, miscigenação e prosperidade. Tudo, porém, era adverso ao florescer de um tempo de alegrias.
Do distante e frio país de origem, traziam eles a saudade em seus corações. Uvá se transformou na única Colônia Alemã oficial em terras das regiões Norte e Centro Oeste do País. Constava da doação de terras públicas para o estabelecimento do assentamento rural formado por famílias vindas diretamente do Sudeste da Alemanha.
Pesado labor da mulher alemã na Colônia de Uvá na Cidade de Goiás | Foto: Acervo de Péricles Xavier Rebello
Mas os sonhos não tiveram o colorido que cada qual carregava no próprio coração. Não houve de imediato a legitimação das terras. Esta só se concretizou na década de 1950, com a emissão definitiva dos títulos de posse. Formada por 120 famílias alemãs – cerca de 600 pessoas – a colônia nunca experimentou um período de apogeu, como acontece com a maioria dos centros urbanos.
Foto: Acervo de Péricles Xavier Rebello
Não foi o sonho, mas a dura realidade, o que os estrangeiros viveram em Uvá, na cidade de Goiás.
O decantado desenvolvimento e qualidade de vida aos estrangeiros foi apenas uma fugidia ilusão, destruída logo no início da Colônia!
Infelizmente, desde a fundação, ao invés de prosperidade, a Colônia foi minguando. Desde sua implantação, Uvá só foi diminuindo. Pensava-se, inicialmente, na ampliação da fronteira agrícola, pois na década de 1920, a então capital de Goiás produzia pouquíssima variedade de alimentos e em quantidade insuficiente para abastecer à totalidade da população, por causa da aridez do seu solo.
Os estrangeiros alemães, de início deixaram suas terras distantes e se lançaram ao desconhecido em Vila Boa. Outras 23 famílias foram assentadas do outro lado do Rio Itapirapuã, no município do mesmo nome – poucas continuaram na Colônia; a de Itapirapuã sequer chegou a ter nome, pois todos foram embora, ou para a Alemanha, ou para colônias alemãs do Sul do país, principalmente as do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Os que ficaram em Uvá logo se decepcionaram. O governo não deu os títulos de propriedade prometidos; as técnicas agrícolas dos alemães eram incompatíveis com as sementes de que dispunham em Goiás para o plantio, o clima e o solo eram absolutamente diferentes da Europa e muitos imigrantes sucumbiram às doenças tropicais, principalmente a malária.
Tudo era tristeza e desencanto!
Muitos sofrimentos também passaram os imigrantes com o abandono a que foram relegados com a mudança da capital para Goiânia, logo depois da instalação da Colônia, com a Revolução de 1930. A própria Cidade de Goiás se viu espoliada em seu patrimônio, ainda mais as colônias, povoados, vilas a elas indexadas! Os horizontes foram outros, ligados à Goiânia e à Campinas.
Sofreram mais ainda no período da Segunda Guerra Mundial em que foram, em maioria, hostilizados devido ao poderio alemão sobre o mundo.
Uvá lá está, do pouco que restou. Cem anos se passaram desde a chegada dos primeiros esperançosos estrangeiros a Vila Boa, com a promessa de vida melhor no seio da pátria brasileira. Tantos sonhos, esperanças e tantas desilusões em prantos vertidos nas saudades da distante Alemanha. Que os seus sonhos desfeitos e as desventuras não lhes pesem na alma e que reconheçam a grandiosidade espiritual, num novo mundo de uma só pátria.
95% dos representantes votaram a favor da greve em função de reajustes salariais
Na última segunda-feira, 12, uma assembleia geral extraordinária foi convocada pela Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical). Os participantes sinalizaram com a votação intenção de greve com estado de mobilização permanente. Aprovada por 95% das pessoas presentes, o feito é histórico no Palácio Itamaraty, sendo a primeira vez que a categoria recorre à alternativa de paralisação.
A entidade representativa deve convocar um novo encontro para debater as diretrizes da greve, incluindo data de início. A ADB Sindical declarou que o principal motivo para o movimento de greve é uma contraproposta de reajuste salarial proposta pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI) considerada insuficientes pelos diplomatas.
A ADB defende reajuste linear de 36,9% o ministério apresenta um aumento não linear, que teria início de validade de 2025 a 2026, com correção de 7,8% para os cargos iniciais e de até 23% para ministros de primeira classe.
A categoria considerou a proposta inadequada para compensar as perdas inflacionárias, especialmente para diplomatas nas faixas iniciais e intermediárias, que teriam um reajuste inferior a 16%.
“Diferente de outras carreiras públicas, onde os servidores podem alcançar o topo em pouco mais de 10 anos, diplomatas costumavam levar até 30 anos para atingir o nível máximo. Com o aumento da idade de aposentadoria para 75 anos e uma estrutura rígida, com vagas limitadas por classe, um número considerável de servidores permanece estagnado nas classes iniciais ou intermediárias”, declarou a Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros.
A decisão pela paralisação reflete a insatisfação das gerações mais jovens do Itamaraty com a falta de perspectivas para desenvolvimento na carreira, “de valorização e reconhecimento da importância da profissão”, conforme a entidade, “em um momento em que o Brasil retoma suas ambições na política externa, organizando eventos importantes como as cúpulas do G20, do Brics e a COP-30”. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou à reportagem que não emitirá um posicionamento sobre o tema.
JNFBRASIL