VENENO DE SAPO
O QUE É A DROGA ‘PARA RESSACA’ QUE MATOU MAGNATA RUSSO
Apesar de uso indiscriminado não ser recomendado por cientistas, veneno é usado até mesmo em santuárioImagem: Reprodução/Wikimedia Commons
Usado para “experiências místicas” ou para ficar mais focado, como relatado pelo ex-lutador de boxe Mike Tyson, um tipo de veneno de sapo é tido como a causa mais provável para a morte misteriosa de um magnata russo. Há algumas substâncias usadas para este fim, e não houve identificação específica de qual caso teria causado o incidente: uma delas vem do sapo Bufo alvarius, um anfíbio mexicano que passa mais da metade do ano vivendo no subsolo e solta substâncias psicoativas quando está ativo. O outro é o veneno da rã-kambô, que é mais provável de ser causador da morte do russo.
O magnata Alexander Subbotin, 43, ex-diretor da empresa de petróleo LukOil, foi encontrado morto com suspeita de que tenha realizado um ritual utilizando veneno de sapo com objetivo de “curar uma ressaca”.
garçom: ‘O coração palpita’
As informações foram divulgadas ontem pelo canal de comunicação Mash, mas a data da morte de Subbotin não foi detalhada pelo veículo.
O veneno do Bufo alvarius
O veneno do sapo bufo é usado em rituais e virou alvo de estudos por cientistas, mas não pode ser usado de forma indiscriminada.
A substância em questão é o 5-MeO-DMT, conhecido como bufo e considerada por muitos como o alucinógeno mais poderoso do planeta. Ele tem em sua composição o DMT, sigla para dimetiltriptamina, um conhecido psicodélico presente na ayahuasca.
A droga é apontada como de interesse potencial para a pesquisa de tratamentos para esquizofrenia, depressão e ansiedade, mas, como em relação à maioria dos psicodélicos, ainda precisa de estudos mais amplos e não é usada para pacientes em geral.
Mesmo não tendo uso livre, há quem faça do uso desse alucinógeno um ritual, como no caso de um santuário no México chamado Bufo Alvarius Sanctuary. O dono do local, o ator Fernando Carillo, diz que cerimônias com o veneno de sapo “podem consertar” indivíduos.
Rã-Kambo
A substância vem da espécie Phyllomedusa bicolor e é dada como uma suposta cura para as mais diversas doenças.
Oriunda da medicina tradicional indígena amazônica, a “vacina de sapo” é amplamente utilizada e conhecida entre as comunidades da região. Costuma ser aplicada pelos curandeiros da aldeia nos braços (em homens), ou nas pernas (em mulheres), para ajudar na caça e curar ‘panema’, uma espécie de depressão do índio.
As reações mais comuns de quem recebe a substância são mal-estar e náusea. Em seguida, os usuários dizem ter uma sensação de bem-estar e energia.
Por falta de comprovação científica dos supostos benefícios à saúde, desde 2004, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe o uso, o comércio, a distribuição e a propaganda do kambô como medicamento fora das aldeias.
O caso do magnata
Segundo o Mash, o bilionário Alexander Subbotin teria visitado um xamã chamado Magua e a esposa dele na residência do casal em Mytishchi, para ser submetido a um ritual de cura pelo qual ele já havia passado anteriormente sem maiores problemas.
O ritual consistia em abrir uma pequena incisão na pele e adicionar um veneno de sapo no local para tratar sintomas da ressaca.
“Ele veio mais uma vez para tratar a ressaca. De repente, ele começou a se sentir mal, com uma dor no coração. O xamã decidiu que não chamaria a ambulância, deu corvalol [uma espécie de sedativo] a ele e colocou o empresário para dormir no porão”, afirmou o canal de comunicação. O russo não resistiu.
Pelo método indicado pelas falas do xamã, com uma incisão na pele, é mais provável que o caso do russo tenha sido de uso da substância da rã-kambô.
Imagem: Getty Images
Casos famosos
O ex-lutador Mike Tyson alega já ter usado ‘veneno de sapo’ 53 vezes – sendo três no mesmo dia – e afirma que isso mudou sua vida para melhor.